História e Geografia do bairro de Bangu

Bangu, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, destaca-se como um dos bairros mais populosos da cidade em uma área no centro geográfico do município. Tendo um marco histórico essencial para o bairro: o edifício da Fábrica Bangu que transformou-se no Bangu Shopping.

Com sua origem ligada à vocação proletária e à influência dos ingleses, Bangu teve seu crescimento planejado para atender à Companhia Progresso Industrial do Brasil, notável pela Fábrica de Tecidos Bangu, que exportou a marca Bangu internacionalmente.

Ao longo do século XX, a urbanização do bairro progrediu, impulsionada pela produção e exportação de laranjas na década de 1930, estendendo-se pelos sítios vizinhos, do Maciço de Gericinó à Serra de Bangu. Nos anos 40, Bangu tornou-se um polo de progresso no subúrbio carioca, introduzindo modismos, expressões e elegância à cidade.

Também é o bairro mais distante do mar e o mais quente da capital fluminense, com temperaturas frequentemente ultrapassando 40 °C. 

Bangu celebra seu aniversário em 8 de março, em referência à inauguração da Fábrica Bangu em 1893 e à fundação da Fazenda Bangu em 1673.

Geografia, População e Cultura:

Um bairro de considerável extensão territorial e densamente habitado, ocupa uma posição central na geografia da cidade do Rio de Janeiro, situando-se na Zona Oeste. Com uma população de 243.125 habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do Censo de 2010, distribuídos em cerca de 46 quilômetros quadrados, Bangu faz fronteira com Campo Grande, Santíssimo, Senador Camará, Realengo, Padre Miguel e Gericinó, além dos municípios de Nova Iguaçu e Nilópolis.

O bairro destaca-se por possuir o Bangu Shopping e um polo comercial que abrange 13 ruas. Além de sub-bairros como Cardeal Dom Jaime, Catirí, Conjunto Moça Bonita, Guilherme da Silveira, Mangueiral, Nova Aliança, Parque Independência, Parque Leopoldina, Rio da Prata, Parque Seis de Novembro, Ubaldo de Oliveira, Vila Aliança, Vila Moretti e Vila Sandá.

Devido à sua localização em uma baixada, entre os maciços da Pedra Branca e de Gericinó, afastado do litoral, Bangu enfrenta ilhas de calor, resultando em temperaturas elevadas, especialmente nas estações de primavera e verão, com termômetros frequentemente atingindo 40 °C ou mais por isso ele continua sendo conhecido pela sua elevada temperatura. 

Para amenizar o calor, o Calçadão de Bangu oferece um refúgio, projetado para facilitar o acesso às principais avenidas e à estação de trem, apresentando distribuição e aspersão sob coberturas metálicas, equipadas com 800 bicos de microaspersão.

Também é reconhecido como berço do futebol brasileiro, Bangu foi palco da primeira partida organizada em 1894, um ano antes da famosa partida de Charles Miller em São Paulo. O bairro abriga o Bangu Atlético Clube, duas vezes Campeão Carioca (1933 e 1966), Vice-Campeão Brasileiro de 1985 e detentor de títulos internacionais notáveis, incluindo o Torneio Internacional de Nova York de 1960. Outras agremiações como o Céres Futebol Clube e o extinto Esperança Football Club também fazem parte da rica história esportiva local.

Bangu teve moradores ilustres, incluindo jogadores de futebol como Garrincha, Domingos da Guia, Ademir da Guia e Vagner Love, além do cantor Wander Pires. Na literatura, destaca-se José Mauro de Vasconcelos, autor de "O Meu Pé de Laranja Lima", cuja obra inspirada nos tempos áureos da produção de laranjas em Bangu foi traduzida para 52 línguas e adaptada para diversas formas de mídia.

Origem e História:

O nome do bairro, Bangu, tem raízes em palavras de origem indígena, significando "a barreira negra" ou "cercado por morros". Uma outra possibilidade remete a termos de origem africana, relacionados ao local do engenho onde os escravos guardavam o bagaço da cana-de-açúcar para alimentar o gado após a moagem.

Em 1673, Manuel de Barcelos Domingues, um dos primeiros povoadores do Rio de Janeiro, ergueu uma capela em sua Fazenda Bangu, anteriormente conhecida como Engenho da Serra, responsável pela produção de açúcar, cachaça e rapadura. Esses produtos eram transportados em carros de boi até o Porto de Guaratiba, parte integrante da Freguesia de Campo Grande na época.

Nesse contexto, entre 1670 e 1790, eventos notáveis ocorreram no mundo, como a Revolução Gloriosa na Inglaterra (1688) e a Revolução Americana nos Estados Unidos (1775-1783). Na China, a dinastia Qing sucedeu à dinastia Ming, enquanto o Japão experimentava um período de isolamento sob a dinastia Tokugawa.

Globalmente, o Iluminismo impulsionava avanços na ciência e filosofia, influenciando ideias políticas e sociais. O comércio global expandia-se com o surgimento de companhias como a Companhia das Índias Orientais, enquanto a pirataria florescia na "Era de Ouro da Pirataria", com figuras notórias como Barba Negra e Anne Bonny atuando nos mares.

No Brasil, sob domínio colonial português entre 1670 e 1790, o Rio de Janeiro tornou-se a capital administrativa a partir de 1763, substituindo Salvador. Nesse período, a economia colonial estava centrada na produção de açúcar, ouro e outros recursos naturais, com a metrópole portuguesa controlando a administração e o comércio.

Assim, em 1740, João Manoel de Melo recebeu por sesmaria a Fazenda do Bangu, posteriormente adquirida por João Freire Alemão em 1743. A fazenda passou por diversos proprietários, incluindo Anna Francisca de Castro Morais e Miranda (1798) e Manoel Miguel Martins, até ser adquirida pelo Barão de Itacurussá em 1870.

Com a Revolução Industrial, a Companhia Progresso Industrial do Brasil adquiriu a Fazenda de Barão de Itacurussá, fundando a Fábrica de Tecidos Bangu em 6 de fevereiro de 1889. A região tinha apenas a Estrada Real de Santa Cruz. Atualmente, essa via abriga marcos históricos que indicavam a distância, em léguas, que o Imperador Dom Pedro I percorria para encontrar a Marquesa de Santos, servindo também como pontos de descanso.

Depois o Ramal de Santa Cruz foi inaugurado em 2 de dezembro de 1878 pela Estrada de Ferro Dom Pedro II, com as primeiras estações sendo Deodoro, Realengo e a Estação de Bangu. Essa ferrovia foi crucial para urbanizar e ocupar não apenas Bangu, mas toda a Zona Oeste carioca, possibilitando o transporte de pessoas e produtos para a região antes isolada devido à distância e barreiras naturais como os maciços da Pedra Branca e do Gericinó. Com a ferrovia, a ocupação se intensificou, surgiram núcleos urbanos ao seu redor, e empreendimentos desempenharam papel fundamental na expansão e desenvolvimento da região.

Dessa forma Bangu experimentou um notável crescimento, adquirindo características de um bairro proletário, inicialmente planejado para atender à Fábrica de Tecidos Bangu. A qualidade de vida melhorou para os habitantes, pois a fábrica financiava a construção de casas com materiais europeus, mantendo a arquitetura inglesa. 

Em 1891, Bangu viu surgir seu primeiro núcleo comercial. Nesse mesmo ano, finalizou-se o encanamento do reservatório do Guandu até a Fábrica Bangu.

Três anos depois teve início a construção da Vila Operária, com 95 casas na futura Rua Estevão (atual Avenida Cônego de Vasconcelos). 

Entre os anos de 1900 e 1935, testemunhamos a inauguração de diversas iniciativas, como o Bangu Atlético Clube resultado da colaboração entre operários brasileiros e ingleses, um centro cultural: o Grêmio Philométrico, que depois viria a ser substituído pelo Grêmio Literário Rui Barbosa, bem como igrejas, escolas, um cassino, cinema, hospitais e uma agência da Caixa Econômica Federal.

Em 1938, o presidente Getúlio Vargas marcou a inauguração do Centro de Saúde e Hospital Almeida Magalhães, construído em um terreno doado pela Fábrica Bangu.

Posteriormente, entre 1940 e 1970, surgiram novas construções, incluindo a Escola do SENAI, igrejas e espaços de lazer. Nesse período, a Fábrica Bangu vendeu terrenos, resultando na criação de conjuntos habitacionais como Vila Aliança, Vila Kennedy, Jardim Bangu, entre outros. Além disso, durante esse intervalo, foi fundada a Associação Comercial e Industrial da Região de Bangu – ACIRB, seguida pela criação do Lions Clube Bangu.

Entre 1970 e 2000, Bangu viu a inauguração de diversas melhorias, incluindo um Fórum, o Monumento dos Pracinhas na Praça da Fé, o Calçadão de Bangu na Avenida Cônego de Vasconcelos, um centro cultural conhecido como Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos, que também abriga o Museu de Bangu, além de escolas e conjuntos habitacionais.

Em 2000, o prédio icônico da Fábrica Bangu foi tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, destacando sua relevância não apenas para o bairro, mas também para a cidade do Rio de Janeiro. Ao longo das décadas, a produção têxtil diminuiu, novos empreendimentos surgiram na região, e a influência da fábrica diminuiu. Em 5 de fevereiro de 2004, a fábrica encerrou suas atividades, transformando o bairro de Bangu de uma área fabril para uma zona comercial e residencial. No lugar da fábrica, foi erguido um shopping center que preserva as características arquitetônicas originais, inaugurado em 30 de outubro de 2007 e denominado Bangu Shopping.

Em 2014, uma estátua de Thomas Donohoe foi inaugurada na área externa do Bangu Shopping. Donohoe, um escocês que trabalhava na antiga fábrica, desempenhou um papel crucial ao introduzir o futebol no Brasil no final do século XIX.

Dessa forma, Bangu, ao encerrar seu capítulo na complexa narrativa da cidade do Rio de Janeiro, emerge como um testemunho vivo das transformações sociais, econômicas e culturais que moldaram a região ao longo dos séculos. De sua origem modesta na Fazenda Bangu em 1673 à vibrante metrópole suburbana do século XXI, este bairro ostenta a herança de uma Fábrica de Tecidos que não apenas teceu roupas, mas também teceu a trama da própria comunidade.

A evolução urbana de Bangu, influenciada por eventos históricos globais, como a Revolução Industrial, e por marcos locais, como a inauguração do Ramal de Santa Cruz, reflete a capacidade de adaptação do bairro diante dos desafios e oportunidades. Seus habitantes viram a ascensão de núcleos urbanos, a consolidação de instituições culturais e educacionais e a transformação de uma Fábrica em um moderno centro comercial.

Hoje, enquanto Bangu celebra sua diversidade e riqueza cultural, não podemos deixar de reconhecer o papel crucial desempenhado pela ferrovia, pelos empreendimentos industriais e pelas comunidades locais na construção dessa história única. Assim, Bangu não é apenas um bairro; é um elo valioso no tecido da cidade, uma tapeçaria viva de memórias, conquistas e contribuições para o Rio de Janeiro. Este capítulo encerra-se, mas a história de Bangu, permeada por resiliência e inovação, continua a desdobrar-se, desafiando o tempo e deixando um legado que ecoa além de suas fronteiras.


Bibliografia:

Referência: WIKIPÉDIA. Bangu: bairro do município do rio de janeiro no brasil. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Bangu. Acesso em: 12 jan. 2024.

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Referência: QUINTINO GOMES FREIRE (Rio de Janeiro). Diário do Rio. Significado do nome dos Bairros do Rio de Janeiro. 2020. Disponível em: https://diariodorio.com/nome-dos-bairros-do-rio-de-janeiro/. Acesso em: 12 jan. 2024.

Referência: RAFAEL MATTOSO (Rio de Janeiro). Veja Rio. Um subúrbio chamado Bangu: quando a fábrica cria o bairro e o bairro enraíza sua cultura na cidade. 2023. Disponível em: https://vejario.abril.com.br/coluna/rafael-mattoso/um-suburbio-chamado-bangu/. Acesso em: 12 jan. 2023.

Escrito com auxílio do ChatGPT.